sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

De maneiras que estou na Índia… (Parte IV)

…mais propriamente em Nova Delhi, Agra, Jaipur. Pois é, no fim-de-semana passado fomos ver o tão afamado Taj Mahal! Mas até lá muita coisa aconteceu. E depois também…

Mais uma vez marcámos toda a viagem através duma agência de viagens locais a “Make my trip”, que nos foi indicada pela empresa onde estamos a trabalhar. A agência tratou de tudo (ou assim pensávamos nós) e depois de uma grande discussão à roda de como é que iríamos de Delhi para Agra (depois do avião Mumbai-Delhi), onde nós defendíamos que deveríamos ir de avião, mas que todos os locais diziam que era um disparate, deveríamos era fazer de carro, apesar de demorar entre 5 e 6 horas, optámos pela segunda hipótese, até porque era mais barata.

Partimos assim do aeroporto de Bombaim (Mumbai para os amigos) às 6h da manhã, e (como já tinha dito) tudo nesta terra demora uma hora, tivemos de sair do hotel às 4 da manhã, o que fazia uma hora de viagem até ao aeroporto, de maneira a estar 1 hora antes para fazer o check in. Lá apanhámos ao avião da JetAirwais, mais uma low-cost local, e saímos do aeroporto de Delhi por volta das 8, onde estava à nossa espera um motorista para fazer um sight seeing pela cidade, para ficarmos a conhecer, depois levarnos-ia então para Agra (cidade do Taj Mahal).

Como não tínhamos dormido (uma vez que saímos do escritório às 1 da manhã, foi ir para o hotel fazer a mala, ler um bocado para não adormecer, e ir para o aeroporto), mal entrámos no carro, adormecemos todos. Passada uma hora acordamos sobressaltados… e não é que o tipo estava a caminho de Agra?!?!?! Ao que parece não sabia do sightseeing, até nos mostrou o papel que tinha recebido, para vermos que não estava lá nada a falar disso. Mas estava, só que agora já era tarde para voltar para trás. Tivemos de seguir em frente. Delhi já fora… não acredito que consiga ver outra vez essa bela localidade.

Parámos num restaurante de berma de estrada para almoçar e sermos “roubados” pelos locais e seguimos viagem. Chegamos a Agra e lá fomos directos ao hotel por as malas para e conhecer essa nova maravilha do mundo que dá pelo nome de Taj Mahal (Coroa Palácio). Como nos tinham dito que o Taj Mahal era Very Beatiful nas noites de lua cheia, porque tudo brilhava, e no domingo iria ser lua cheia, decidimos deixar a visita para último, começando assim pelo forte vermelho que está lá ao lado.



Fomos buscar o guia que a agencia tinha arranjado que nos queria obrigar a ir visitar primeiro o Taj, e que nunca tinha feito a visita ao contrário. (basicamente só existem dois sítios para ir ver ali, o Taj e o forte e são muito perto um do outro. Cobraram-nos 1.000 merdas indianas (nome que carinhosamente adoptamos para as rupias. E.g. quanto é que custa isto? Ah e tal, 20 merdas indianas). Em números redondos, 1.000 merdas indianas são cerca de 20 €, ou na moeda antiga 4 contos. Que dói a dar, ainda para mais quando víamos que para os nativos visitarem a mesma coisa, custava apenas 20 merdas indianas, ou seja perto de 0,40 €, ou seja, 80 paus.



De qualquer maneira, ficámos a desconfiar que o guia nos ficou com dinheiro, porque os bilhetes que ele nos deu, apenas diziam 500 merdas indianas (m.i) o Taj, e 250 m.i. o forte vermelho, e nunca mais vimos o troco. Pelo sim, pelo não o homem no fim não recebeu gorjeta, ainda ficou a olhar para nós à espera, mas aqui os tugas ficaram firme se hirtos que nem uma barra de ferro a olhar uns para os outros.

Lá visitámos o forte, que é engraçado e tem umas histórias bonitas com o imperador Mongol, que tinha nada mais nada menos que 5.000 concubinas, e 3 mulheres… sem comentários.

E fomos finalmente ver o Taj Mahal. O Taj Mahal é, para quem não sabe, um mausoléu extremamente bonito, mas um mausoléu. Uma campa no fundo. Altamente trabalhado, com um mármore XPTO que não mancha e que ao que parece, abunda por estas bandas. Aquilo meus amigos deve ter dado uma trabalheira a fazer. Uma canseira. Mas que a senhora deve estar a dormir sossegada, lá isso deve estar.

Começámos a visita de dia, onde tirámos algumas chapas da praxe, e conseguimos acabar a mesma visita de noite, então com a famosa lua (quase) cheia, que deveria iluminar o Taj. Quando dissemos isto ao guia ele riu-se e disse simplesmente, de noite? Sim é muito bonita, mas é por dentro, e a essa hora está fechado, por fora vocês não conseguem é ver nada. Dito e feito.



Conclusão, aquilo é muito bonito sim senhor, que vale a pena ir lá ver se se vier à índia, disso não haja dúvida, agora vir cá de propósito… esqueçam lá isso. Mas se vierem para este lado, acho que não se deve perder, porque está realmente bem feita, e tratada. Existem inclusivamente 200 famílias a tomar conta do Taj. Famílias descendentes dos que inicialmente fizeram o Taj.



De referir que o senhor que mandou fazer o monumento, foi mandado internar pelo filho, antes que conseguisse gastar todo o dinheiro do reino. Sim porque aquilo foi feito com tudo o que de melhor havia no reino. Está-me a querer parecer que aquilo custou para cima de 50 contos.



Depois lá voltámos para o hotel Holliday Inn, não sem antes conseguir vislumbrar uma Pizza Hut no caminho, onde parámos para jantar.

Quando me deitei, adormeci imediatamente, acordando cerca de 20 minutos depois, com a guerra do Iraque em festa à minha porta. Só ouvia era barulho, barulho de foguetes, de tambores, do Tony Carreira cá da terra. Era um estardalhaço tal que eu julgava que o mundo esta em cuecas, pronto para me sujar todo com uma valente diarreia. A sério, nunca ouvi tanto barulho junto. O barulho durou cerca de 2 horas, tendo os foguetes continuado a acordar-me ritmadamente durante mais 2 horas. Acho que lançavam um a cada 5 minutos. No fundo, acho que estavam lá fora a ver se eu me passava dos carretos e desatava a praguejar palavras à janela coisas que nem eles nem eu tínhamos ouvido, ou sequer imaginado que existiam. Mas não, mantive-me firmemente na cama. Afinal não estava na minha terra e não os podia mandar fazer barulho para a terra deles...

No dia seguinte descobrimos que era uma qualquer festa de muçulmanos, que decidiram reuniram-se todos naquela noite, continuando no dia seguinte… (raios os partam).

Acordámos e fomos visitar mais umas ruínas, uma terra chamada sicrit, que é engraçada mas não tem nada de mais. O que valeu, foi esta visita ter proporcionado a minha primeira viagem de ricxó (ou tuc-tuc se preferirem). Lá coubemos os 5, e o tipo desligou aquilo na descida. Íamos largados. Gostei! Foi uma emoção diferente. Fazia lembrar quando eu era mais pequeno e punha-me a fazer descidas de bicicleta sem travões… acabava todo raspadinho. Bons tempos.



Saímos largados para Jaipur, que ao que consta é também uma bela localidade, embora, apesar de termos pago mais um sightseeing, também não conseguimos ver nada, porque a m… da festa muçulmana continuava, e tinham fechado as ruas para passarem as procissões, com as suas grandes esculturas feitas de papel e que são mais feias do que a Odete Santos acabada de acordar (ou, sejamos francos, a qualquer hora do dia).



Sendo assim ficámos parados no transito (o tão famoso transito indiano, que já aqui descrevi) para cima de um tempão. O Motorista que já de si não era muito falador, e que nós já não gostávamos muito, estava agora piurso, porque estava farto, de todo aquele movimento. Foi então que aconteceu a desgraça (pelo menos até agora foi a pior) desta viagem de 5 semanas à Índia)

Estamos finalmente a andar numa rua com poucos carros, quando de repente, eu que vinha no banco do meio (era um daqueles carros com duas filas, como nós éramos 5, ia um no lugar do morto, dois no meio e 2 atrás) só ouvi o tipo que ia no lugar do morto a gritar: CUIDADO. Só tive tempo de olhar para a frente e ver ele a desviar a cara para trás, e um esguicho amarelo a saltar para cima do vidro, ao mesmo tempo que eu ouço um barulho assim assustador. Conclui que tínhamos atropelado um porco (podia ter sido outro animal qualquer, mas não sei bem, talvez por causa da cor do líquido, pensei no porco, pensando bem até podia ser por causa da falta que me está a fazer comer uma carninha de porco ou de vaca….).

Conclui mal! Perguntei o que é que se tinha passado, e a resposta foi a que eu não queria ouvir. Tínhamos acabado de atropelar uma criança que se tinha atravessado à frente do carro. (como já expliquei, nesta terra, toda a gente se atravessa à frente de toda a gente).

Passado um bocado lá ganhei coragem para perguntar o que é que era o líquido que tinha visto. Ao que parece o miúdo tinha qualquer coisa na mão, tipo fruta ou assim, e foi isso que voou. A sensação é má. E não tinha sido eu a atropelar o miúdo… A sensação piorou, quando vimos que o motorista se estava a preparar (ao que parecia) para se ir embora. Foi então que fomos rodeados por cerca de 50 locais. A querer tirar o motorista para fora do carro, e a querer tirar a chave da ignição.

O homem sai do carro e lá consegue acalmar os ânimos, a criança entretanto estava ao colo do pai, ou de algum adulto. Trancámo-nos imediatamente dentro do carro. Senti então a pela primeira vez o que um macaco deve sentir no jardim zoológico. Era tanta gente a passar e a olhar para nós…

Passada uma hora, lá volta o motorista. Ao que parece ele deu 5.000 m.i. à família do miúdo que o levou para o hospital mais próximo.

Nota: Eu a pouco tempo antes tinha visto um prédio que deveria ter cerca de 2 andares, e não teria mais de 20m2 de terreno, com todas as janelas abertas, o qual eu diria que deveria ser um restaurante abandonado, se não fosse as letras que tinha por cima da porta. Aquilo dizia Hospital. Se foi para ali que o miúdo foi, as minhas preces estão com ele. Estão e estavam, porque o que eu rezei pelo miúdo quando aquilo aconteceu…

Depois lá conseguimos ir embora, mais transito, não conseguimos ver mais nada de jeito, para além dum elefante. E fomos por as coisas ao hotel. Quando voltámos, o motorista recusou-se a levar-nos a jantar, apontou-nos simplesmente para uma Pizza Hut ali ao lado, mesmo apesar de nós termos-lhe mostrado um papel com um nome dum restaurante indicado pelas pessoas do hotel. Insistimos, mas não deu em nada.

De maneiras que passadas 24 horas lá estava eu a comer outra vez uma pizza de peperoni, com uma cerveja KingFisher a acompanhar.



Depois ainda passámos numa loja para regatear um bocado e fomo-nos deitar, para apanhar o voo de volta na segunda e ir trabalhar. No fim, e para acabar em beleza, o avião ainda esteve a sobrevoar Bombaim (Mumbai para os amigos) durante cerca de 1 hora.

E foi assim que eu não conheci Delhi e Jaipur, mas vi o Taj Mahal. É caso para se dizer, quem ficou Mahal fomos nós.

(confessem, estavam desejosos que eu fizesse esta piada estúpida e recorrente. Ou tinham esperanças que eu a tivesse evitado?)

4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei!! tu escreves mesmo bem, parece que uma pessoa consegue mesmo idealizar as coisas ou se que é! até aquela cena do liquido do miudo... creepy...!!
O taj mahal nao da pra ver por dentro!? nao fazia ideia k era um mausoleu! fixe!
gostei mto de falar ctg aqui das espanhas! parecias me com bem melhor cara! =) esse moustache poe me louca!!!

um grande grande beijinho da mana preferida!

me voy caminar por las ramblas! besos!

Unknown disse...

exactamente assim! a verdade é que quando aí estive - e s tuas discrições são primorosas! - passou-se-me uma cena inacreditável, que me fui coibindo de contar porque achei que toda a gente ia pensar que eu estava a meter uma peta, mas que passarei a relatar assim que regresse dos pastelinhos de bacalhau com feijão frade que me aguardam ali no andaluz

Anónimo disse...

Qual Miguel Sousa Tavares qual quê!! Ah granda Miguel, o que eu e a Teresa já nos rimos com o porco.
Saudades e beijinhos da tua folhada.

Anónimo disse...

Adorei a sua descrição da ida (a Deli!!)e ao Taj Mahal!
É divertido! É com ler o "diário de bordo" (vulgo/viagens).
A India é de loucos mesmo...! mas é uma experiência que v. nunca vai esquecer e, muito ainda se vai rir dela!!(sobretudo quando tiver matado as saudades todas...que agora devem ser muitas!!!)
Amanhã leio o resto, que agora já é muito tarde! Não li nada no fim de semana, nem ontem..por isso "atrasei-me"....
Mtos.Bjs. (e continue a escrever...)