quarta-feira, 10 de outubro de 2007

2 Mitos Mortos

Eu confesso que nunca fui grande fã da Amália. Acho-a triste (também verdade seja dita que o Panteão não deve ser grande animação...), e a maioria das músicas que eu conheço que ela canta, são fado no verdadeiro sentido do termo, não são daqueles fados corridos, sempre cheios de piadolas.

Por outro lado sempre gostei do Carlos Paião, acho que o tipo ter morrido tão novo foi uma perda para a cena musical portuguesa. Ele tinha mesmo jeito para escrever músicas! Prova disso são as que escreveu com o Herman José (quando este estava nos seus tempos áureos), como a canção do beijinho por exemplo.

Por tudo isto, achei uma loucura esta música escrita pelo Carlos Paião e cantada pela Amália, a letra está realmente demais! É verdade que a gravação está longe de ser a melhor, mas dá para perceber a ideia...



E agora a letra, para acompanhar:

Vou contar-vos um história
que não me sai da memória,
foi pra mim uma vitória
nesta era espacial.
Noutro dia estremeci
quando abri a porta e vi
um grandessíssimo ovni
pousado no meu quintal.
Fui logo bater à porta,
veio uma figura torta,
eu disse: se não se importa
poderia ir-se embora,
tenho esta roupa a secar
e ainda se vai sujar
se essa coisa aí ficar
a deitar fumo pra fora.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá o botãozinho
e pôde contar-me então
que tinha sido multado
por o terem apanhado
sem carta de condução.
O senhor desculpe lá,
não quero passar por má,
pois você onde está
não me adianta nem me atrasa.
O pior é que a vizinha
que parece que adivinha
quando vir que estou sozinha
com um estranho em minha casa.
Mas já que está aí de pé
venha tomar um café,
faz-me pena, pois você
nem tem cara de ser mau
e eu queria saber também
se na terra donde vem
não conhece lá ninguém
que me arranje bacalhau.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho,
disse para me pôr a pau,
pois na terra donde vinha
nem há cheiro de sardinha
quanto mais de bacalhau.
Conte agora novidades:
É casado? Tem saudades?
Já tem filhos? De que idades?
Só um? A quem é que sai?
Tem retratos com certeza,
mostre lá? Ai que riqueza,
não é mesmo uma beleza,
tão verdinho? sai ao pai.
Já está de chaves na mão?
Vai voltar pro avião?
Espere, que já ali estão
umas sandes pra viagem
e vista também aquela
camisinha de flanela
pra quando abrir a janela
não se constipar com a aragem.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
e pôde-me então dizer
que quer que eu vá visitá-lo,
que acha graça quando eu falo
ou ao menos pra escrever.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
só pra dizer: Deus lhe pague.
Eu dei-lhe um copo de vinho
e lá foi no seu caminho
que era um pouco em ziguezague.

1 comentário:

Anónimo disse...

gostei!

mas olha que "bonito bonito são as canções do tozé brito"